Posted on outubro 7, 2020
Minhas dicas para aprender novos idiomas
Eu acho extremamente chique pessoas que falam vários idiomas. Eu não sei exatamente o porquê, mas é algo que sempre chamou minha atenção. Um indivíduo que tem a capacidade de se comunicar, de ouvir e ser ouvido, por uma parcela cada vez maior da população conforme aprende novas línguas é algo que eu gostaria muito de ser. Honestamente, eu não sou tão boa nisso quanto eu gostaria: até agora, tenho só meu português nativo, um inglês fluente e uns fundamentos de alemão; também faço aulas de espanhol e estou no nível intermediário. Mesmo assim, venho até aqui trazer as minhas dicas para aprender novos idiomas! É um assunto meio batido, entretanto acho que vale ouvir dicas de várias pessoas diferentes e eu quero falar também!
Idioma tem a ver com tecnologia?
Primeiramente, o argumento óbvio: ter algum conhecimento de inglês te ajuda muito caso você trabalhe com a área de tecnologia. Por mais que muitas das documentações já tenham versões em português (e várias delas com o português brasileiro, inclusive), saber inglês te dá acesso a mais conteúdos sobre o que você pode estar procurando. Além disso, várias das novidades relacionadas ao mundo da tecnologia são anunciadas em inglês, portanto saber o idioma te dá a capacidade de acompanhar em tempo real caso você queira ou precise.
Além disso, se você tem como objetivo trabalhar em outro país, o conhecimento de outros idiomas é um passo essencial em muitas empresas; inclusive, o inglês pode ser só a base. Já aconteceu algumas vezes de eu ver vagas em empresas na Alemanha, por exemplo, cuja língua principal da empresa é inglês, mas obviamente, saber a língua do país é um diferencial na hora da contratação.
Além disso, e deixo aqui claro que essa é a minha opinião, eu acho o processo de aprender uma nova linguagem de programação muitíssimo parecido com o processo de aprender um novo idioma. Você passa por todo um movimento de, primeiramente, se acostumar com palavras “diferentes”, de se perder no contexto, ir aprendendo a “traduzir” de um idioma para o outro até começar a desenvolver alguma fluência. Minha linguagem de trabalho (e do coração hehe) é o C# mas estou me aventurando com o Javascript, e para mim é muito parecido com o meu processo de ir do português nativo para o espanhol.
Observação
Eu sei que ter acesso à educação formal relacionada à outros idiomas é um privilégio do caramba. Tem muita gente que não consegue ter aulas sobre as disciplinas básicas, imagine aprender inglês, espanhol ou o que seja. Sabendo disso, aqui no meu blog, por exemplo, eu gosto de deixar as traduções de tudo, porque se tiver alguém que não saiba inglês, por exemplo, não quero que o seu entendimento fique prejudicado. Fico admirada com tantas iniciativas de pessoas e comunidades em trazer conteúdos fantásticos em português para que todo mundo possa beber dos mesmos conhecimentos. Mas mesmo assim, se tiver oportunidade, estude inglês. Nem que seja um pouquinho. Eu realmente acredito que é importante e que o aprendizado de idiomas abre diversas portas que, às vezes, a gente nem sabe que estão ali.
Ouça músicas, mesmo sem prestar muita atenção
Muito do meu aprendizado de inglês veio de música, porque muitas das minhas canções favoritas são nesse idioma. E obviamente que, mesmo que eu não soubesse pronunciar a letra com perfeição, eu queria muito saber o que as bandas do meu coração estavam me dizendo. E várias das vezes, eu não ia atrás da tradução já pronta, eu pesquisava a letra da música e traduzia por conta própria, o que aumentou bastante o meu vocabulário, assim como o entendimento da gramática.
Mas mesmo que você pense: eu não tenho tempo pra isso, Olivia, eu te digo: ouça músicas nos idiomas que você está aprendendo mesmo se você não estiver prestando muita atenção.
Quando eu preciso focar um pouco mais em alguma tarefa e não posso permitir que a música me distraia, eu vou escutar alguma banda cujas músicas eu não entendo completamente porque não tenho fluência no idioma; as mais frequentes são Rammstein (cantam em alemão) e Mägo de Oz (cantam em espanhol). E, mesmo não prestando tanta atenção nas letras, aqui e ali eu consigo captar algumas palavras que eu conheço, e depois vou buscar se era isso mesmo ou outra coisa, e acabo aprendendo.
Veja filmes, várias vezes, de maneiras diferentes
Quando eu era adolescente, eu era doente por Harry Potter. Gostava demais, e não sei porque, achava muito elegante quando os outros potterheads falavam os termos relacionados à saga em inglês (Gryffindor em vez de Grifinória, por exemplo). Eu não tinha lá muito acesso à internet na época, mas tinha todos os DVDs dos filmes que tinham sido lançados até o momento. Coloquei o disco de Harry Potter e a Câmara Secreta no player, configurei o filme para linguagem original e as legendas em inglês, peguei um caderno e uma caneta e fui assistindo o filme e anotando todas as palavras que eu queria saber. E nisso não foram somente os feitiços e os termos que foram traduzidos no livro, mas também várias palavras de vocabulário em inglês que com certeza eu uso até hoje.
Sabe aquele filme que você já sabe de cor? Tenta ver ele no idioma original. Depois tenta com a legenda também no idioma original. Depois tenta sem legenda. Vá dificultando aos poucos conforme você evolui.
Fale: inclusive sozinho ou com quem não entende
Eu adoro falar sozinha. Eu já ensaiei meu discurso pro Oscar (que eu nunca vou ganhar porque… né?), já contei milhares de vezes a mesma história pra mim mesma como se estivesse contando para outra pessoa, já respondi as pessoas do podcast que estava ouvindo… E foi assim que eu treinei bastante meu inglês e que estou tentando treinar meu espanhol. É óbvio que, falando sozinho, a gente não vai ter alguém pra responder nem pra nos corrigir caso erremos, mas isso já ajuda a criar a coragem para um dia falar com outra pessoa, ou mesmo na aula. Isso também me ajudou a aprender vocabulário (caso eu não lembrasse uma palavra, procurava rapidinho no celular ou ia procurar depois) e a me “desenroscar” – se eu não lembrava uma palavra, tentava explicar de uma forma diferente, utilizando as palavras que eu já sabia.
Às vezes, eu também torro a paciência do meu companheiro (💞) falando com ele em espanhol, mesmo ele não entendendo completamente. A intenção, nesses casos que eu mencionei, não é exatamente que seu interlocutor entenda o que você está dizendo, mas sim que você articule melhor as palavras na hora de falar. Vão haver erros? Vão. Mas acertos também!
Finja ser um nativo (isso mesmo, imite sotaque)
Ok, isso parece ser meio besta e um pouco difícil de explicar, mas… “se ache”.
Sabe quando você vê aquele esteriótipo de estadunidense ou britânico falando, com aqueles sotaques bem específicos? Tente imitar. Às vezes, tente imitar personagens que você goste, não exatamente nas falas mas na maneira de falar, no sotaque, na entonação.
Eu, particularmente, acho meio escroto essa coisa de “você tem que perder o sotaque”, porque não existe não ter sotaque. Se um estadunidense vai pra Inglaterra, ele tem sotaque, por mais que a maioria de nós, brasileiros, consideremos o sotaque estadunidense “neutro”. Absolutamente todo mundo que fala algum idioma, seja ele nativo ou não, tem sotaque de algum lugar.
A intenção não é exatamente que você “perca” o seu sotaque de brasileiro e “ganhe” outro; e sim que você consiga “pegar melhor” os fonemas do outro idioma, como o th do inglês, ou o vê do espanhol (que parece bê). Imitando o sotaque dos estrangeiros, esses fonemas sempre me pareciam fazer mais sentido e eu acabei aprendendo melhor as maneiras corretas de falá-los.
Mude o idioma do seu celular (ou do dispositivo que você mais usa)
Acho que, hoje em dia, todo mundo conhece bem o seu próprio telefone, certo? Eu, pessoalmente, uso-o de forma praticamente automática, sem ler muito bem as descrições dos botões e das mensagens que me aparecem. Eu sei onde preciso ir e vou. Porém, mudando o idioma do meu celular, esse meu processo automático é quebrado – não me pergunte porquê.
Atualmente, o idioma do meu celular está definido como espanhol, e eu já aprendi várias palavras com isso, além de reforçar algumas estruturas gramaticais também (o verbo “me gusta”, por exemplo, a cada like recebido em algum tweet). Além disso, eu uso o celular de uma forma bem mais consciente, prestando atenção nas mensagens de alerta e em outros títulos.
Mudar o idioma também me faz pensar um pouco no front-end mobile: uma vez, deixei meu celular em alemão e os botões praticamente dobraram de tamanho para caber as palavras. Como que projeta e programa isso, amigos? 😅
Leia sobre assuntos do seu interesse e de acordo com o seu nível de habilidade
Exemplo: não adianta você estar aprendendo russo e decidir pegar Crime e Castigo pra ler quando você ainda é iniciante. Não vai rolar e a sua chance de desistir de tudo só vai aumentar. Eu mesma cometi esse erro recentemente, comprando uma versão de 1984 em espanhol pra tentar ler e aprender vocabulário: acabou sendo muito pra mim e ele está ali, encostado na estante, esperando eu amadurecer um pouco mais no idioma.
Comece pequeno: vá ler uns blogs mais informais sobre assuntos que você gosta. Ou leia livros infantis, mesmo sendo adulto. As estruturas gramaticais serão mais simples, assim como o vocabulário. E ao perceber que você consegue acompanhar aquilo mais fácil, você se anima para buscar novos desafios.
Acrescente conteúdo no idioma que você está aprendendo no dia a dia
Das redes sociais todas, eu gosto muito do Twitter (inclusive, vamos ser amigos lá!). Eu me informo bastante por lá, recebo notícias dos amigos, sigo canais oficiais das coisas que eu gosto… e por isso mesmo, quando comecei a aprender espanhol, fiz questão de seguir outros devs que também falam o idioma e também contas latinas/espanholas que falam sobre meus interesses (a @ComputerHoy foi uma grande adição). Nem sempre eu leio tudo o que eles postam, mas só dos meus olhos “esbarrarem” nos tweets em espanhol, eu já absorvo alguma coisa e me acostumo mais com a linguagem.
Você não precisa necessariamente inserir conteúdo sobre trabalho, mas sim sobre o que você gosta de ler. Tem uma outra página que sigo no Facebook, por exemplo, que se chama Pero Like, e é sobre, principalmente, imigrantes latinos e seus descendentes vivendo no EUA, mantendo vivas as suas culturas e tradições. A maioria do conteúdo é em espanhol e, quando não é, tem legenda em espanhol, o que é bom porque consigo treinar tanto o ouvido quanto a leitura. E conhecer mais sobre meus vizinhos latinoamericanos é algo que muito me interessa. 🥰
Tenha um objetivo ao aprender um novo idioma, mesmo que seja extremamente pessoal e/ou “bobo”
Ter um objetivo ao começar a aprender um idioma é importante pra te ajudar a não desistir, por mais pessoal ou “bobo” que possa parecer. Fora que, conforme você avança, esse objetivo pode mudar e/ou crescer.
Eu comecei a aprender espanhol por um motivo besta: assisti La Casa de Papel e achei bonito o jeito que eles falavam, aí fui fazer aula. Com o tempo, creio que meus objetivos foram mudando e ficando maiores e mais ousados. Quando comecei a estudar inglês com mais afinco, foi a mesma coisa: queria ler as fanfics de Harry Potter e entender mais fácil, sem ficar procurando tudo no tradutor. Conforme eu fui aprendendo, percebi que aprender aquele idioma podia me levar longe, e de fato levou: foi graças à ele que consegui minha bolsa de estudos para o intercâmbio e realizei meu sonho de estudar fora.
Então antes de simplesmente começar, pense no porque você quer aprender determinada língua. E não dê ouvidos caso te digam que é uma coisa boba, ou pequena, ou inútil: conhecimento nunca é demais, e você nunca sabe até onde uma jornada pode te levar. 😉
📚 Links legais
🎦 Vídeo: How To Do 12 Different Accents (em inglês)
🖥 Site: Lyrics Training (site em inglês, o “jogo” tem em vários idiomas)
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