Posted on junho 8, 2020
Como não ficar ansiosa programando
Olá, meu nome é Olivia e eu sou muito ansiosa. Além disso, eu cheguei bem perto de um burnout – que, infelizmente, deixou algumas sequelas.
Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um disturbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. – Ministério da Saúde
Desde que eu cheguei no meu atual emprego, o seguinte processo já aconteceu algumas vezes: me passaram alguma alteração simples, eu percebi que não sabia fazer, entrei em parafuso, fui pro banheiro, surtei durante alguns minutos (às vezes com choro, às vezes só hiperventilando), voltei pro meu computador e, pouco tempo depois, consegui resolver o problema; muitas vezes de uma forma até bem simples.
Não é fácil. Mas eu sinto que a cada dia eu consigo melhorar um pouquinho. Um dia eu chego lá.
Às vezes, isso acontece quando estou desenvolvendo algum projeto pessoal. Não chegam a acontecer crises porque, bem… é um projeto pessoal, não tenho nenhum prazo e possivelmente nenhuma pessoa vai ser impactada negativamente pelo que eu estou desenvolvendo.
Mas acontece. Eu estou desenvolvendo um método, já pensando em como vou lidar com a resposta daquilo, e aí como eu preciso armazenar as informações e ficando preocupada porque a ideia não parece ser boa o suficiente e quando vejo… já estou emaranhada no turbilhão de ansiedade.
E quando eu percebo que isso aconteceu (às vezes um pouco tarde demais, confesso), eu paro. Respiro. E volto ao começo do pensamento.
Por isso, decidi escrever aqui um pouco do meu processo e das minhas técnicas de como não ficar ansiosa programando! Pode parecer bobo, mas comigo funciona e eu acho interessante documentar isso. E se ajudar alguém, fico ainda mais feliz!
Ao começar um projeto novo, faça uma lista do que você quer e precisa fazer.
Não precisa ser a coisa mais rebuscada do mundo, não. Eu, por exemplo, logo no Program.cs do meu projeto já deixei lá, na forma de comentários. “Separei” por “aplicações” que eu precisava encarar e escrevi os passos que eu precisava fazer. Aí só sobrou os itens relacionados ao Telegram (é um projetinho de bot), porque o que eu tinha escrito relacionado ao Twitter eu já consegui concluir e apaguei.
Também separei o que eu preciso mesmo fazer e o que eu quero fazer como melhoria. Me ajuda a ficar mais tranquila em relação ao que há prioridade e ao que não há.
“Baby steps”: se preocupar com o mínimo possível por vez
O checklist ali de cima me ajuda muito porque consigo ver com clareza onde tenho que começar meu pensamento e onde eu devo terminá-lo. Às vezes preciso quebrá-lo em mais tarefas, mas num geral, consigo realmente ter uma visão melhor.
Por exemplo: eu sei que preciso fazer uma função que, a cada 30 minutos, busque novas atualizações do Telegram. OK, esse item pode ser dividido em dois: a função que busca as atualizações e o scheduler dela, que vai ser executado a cada 30 minutos.
Vou começar pela função: crio o cabeçalho e a escrevo. Sei que essa função tem apenas uma funcionalidade, buscar as atualizações. Como vou salvar, como vou agendar, como vou responder… aí é outra história. E sempre que começo a divagar sobre como vou fazer essas outras coisas, paro, respiro e volto. E me concentro em somente pegar as atualizações. Fez sentido?
As soluções raramente vêm de horas e horas fritando na frente do PC
Sabe quando você está com um problema e não consegue resolver aquela m*rda de JEITO NENHUM? Você já esgotou seu arsenal de possibilidades, já misturou as soluções para ver se ia e nada, nadinha mesmo?
E aí, a cultura dev (que é um dos bagulhos mais tóxicos que eu conheço) diz que se você é um Dev Raiz você toma 30 litros de café e passa uns bons dias direto no PC, sem dormir e preferencialmente comendo mal, e, eventualmente, você vai conseguir resolver o seu problema. E ter um AVC também, talvez, quem sabe.
Agora, a Dev Nutella (não sei de onde tiraram que isso é ofensa) que sou diz para você: vai tomar um banho. Vai jantar. Vai tirar um cochilo. Porque eu garanto para você que uma cabeça mais descansada vai fazer milagres quando voltar à programar. Às vezes, você nem precisa esperar de fato à volta ao computador para a solução pipocar na sua cabeça: ela acontece enquanto você tá no chuveiro, ou 10 segundos antes de você pegar no sono. Aí é opção sua voltar e resolver ou anotar e ir depois.
Uma cabecinha mais tranquila faz milagres. Inclusive à longo prazo.
Calma, é só um projeto pessoal.
Essa dica é unicamente para quando você tá fazendo alguma coisinha para se divertir e/ou aprender: não trate isso como seu trabalho formal.
Tem finais de semana que me sinto super ativa e gosto de aproveitar: sento na frente do PC e fico um tempão programando, ou escrevendo, ou desenhando, ou estudando… E é divertido! É legal ver as coisas crescendo e se desenvolvendo e saber que foi você que construiu aquilo.
Mas tem dia que simplesmente… não rola. Tem dia que eu tô cansada, tem dia que eu tô doente e tem dia que eu só quero ficar vendo série. Acontece.
E não adianta forçar: se você for programar num dia que você não tá a fim, não vai sair muita coisa boa, não.
Faça com que seu projeto pessoal seja divertido e saudável. Você já deve ter coisas o suficiente para levar a sério na vida, não coloque mais uma na pilha.
Entenda que coisas boas levam tempo. O SEU tempo.
Tanto no trabalho quanto nos projetos pessoais, entenda que, por mais que você se esforce e dê 150% de si nas suas coisas, provavelmente os resultados não vão ser iguais aos de outras pessoas.
Coisas boas levam tempo. Construir senioridade e conhecimento leva tempo. E é o SEU tempo. Não é o tempo de mais ninguém.
Não adianta querer ir do zero to hero em 3 meses que, possivelmente, não vai rolar. E mesmo que role, lembre que sua saúde pode estar em jogo. Eu tentei seguir o ritmo de outras pessoas e tudo o que eu consegui foi me sentir uma fracassada, porque eu nunca consegui alcançá-las nem chegar perto dos objetivos que foram colocados para mim.
Às vezes, por mais legal que um trabalho ou um projeto pareça, você não se adequa à ele. E a culpa não é sua. Pessoas são diferentes e têm maneiras diferentes de trabalhar e de viver. E tem perspectivas diferentes sobre o que querem para o futuro.
Se conheça, nem que seja de erro em erro. E perceba o seu ritmo e o que te faz bem. Vai ajudar, prometo.
E é isso! Como você lida com a ansiedade na hora de programar? Me diz suas dicas!
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